África – Natureza
O espaço natural africano: Litoral pouco recortado com poucos portos naturais.
Sua superfície ocupa uma área de 30 272 922 km².
Nordeste da África: Une-se ao continente asiático através do istmo de Suez.
1869 Inaugurou-se o canal de Suez.
Proporcionou o encurtamento das distâncias por via marítima.
Atualmente: O canal de Suez é uma importante fonte de receita para a economia egípcia.
Noroeste do continente Região controlada pelo Reino Unido, Localiza-se o estreito de Gibraltar.
Com 12 a 14 km de largura, Separa o Marrocos, na África, da Espanha, na Europa.
O relevo: Maior parte do continente Constitui um imenso planalto, A mais expressiva ocupa o lado oriental do continente, denominada Rift Valley. Essa extensa área planáltica apresenta algumas fraturas. Resultante do aplainamento de antigas elevações pela intensa ação erosiva desde milhões de anos atrás.
As falhas são ocupadas por extensos lagos. Além de vários maciços vulcânicos, que proporcionam solos férteis para as práticas agrícolas.
No Rift Valley : Situam-se os maciços vulcânicos onde estão os pontos mais altos do relevo africano.
• Monte Kilimanjaro, com 5 895 metros de altitude;
• Monte Quênia, com 5 195 metros;
• Monte Ruvenzori, com 5 118 metros.
Porção norte: Cadeia montanhosa do Atlas.
• Formação geológica recente;
• chega a 4 mil metros de altitude;
• ocupa terras da Argélia e do Marrocos.
Sul: Cadeia do Cabo
Formação geológica bem antiga.
Sobressaem-se os montes Drakensberg.
Planícies africanas
Próximo ao litoral ou às margens de alguns rios.
São mais povoadas em alguns trechos da Costa do Marfim, da Nigéria, do Togo, de Benin e de Gana.
A hidrografia: Rio Nilo
• Um dos rios mais extensos do mundo;
• 6 670 km de comprimento.
• Rio de grande importância histórica;
• Desemboca no mar Mediterrâneo;
• A sua foz é um imenso delta de grande proveito para a atividade agrícola.
• Outros rios importantes do continente são: o Níger, o Congo, o Zambeze, o Limpopo e o Orange.
Bacia do rio Congo
Desenvolve-se uma intensa atividade de mineração, destacando-se o cobre, o petróleo, o manganês, o diamante e o cobalto.
Os rios e lagos africanos têm grande importância para a população no fornecimento de energia elétrica, na irrigação e como via de locomoção.
A África apresenta um dos maiores conjuntos de lagos do mundo.
O clima:Predominantemente quente, Os que abrangem maiores extensões são o equatorial, o tropical, o desértico e o semiárido.
Vegetação: Floresta equatorial e as savanas.
Essas formações vegetais cobrem aproximadamente 40% do território africano.
Dois grandes desertos:
• Saara, ao norte, o maior do mundo, com 9 milhões de km².
• Kalahari, a sudoeste, com 600 mil km².
• A área ocupada pelos desertos vem se ampliando:
Isso porque em vez de se manter a vegetação ou mesmo promover o plantio de árvores nas regiões que os margeiam, que seria a maneira indicada de contornar esse avanço, ocorrem intensos desmatamentos.
Áreas desérticas
• Chuvas, além de escassas, são bastante irregulares;
• Vegetação praticamente inexistente.
Clima desértico
Marcado por grandes oscilações de temperatura
Enquanto durante o dia o forte calor faz com que a temperatura atinja quase 50 ºC, à noite as temperaturas caem bruscamente, chegando a menos de 15 ºC.
Clima mediterrâneo
Às margens do Mediterrâneo e em um trecho do sul do continente.
Suas temperaturas médias situam-se entre 15 °C e 20 °C, e as chuvas concentram-se no período do inverno.
Vegetação
Corresponde ao maqui e ao garrigue.
São encontradas, em alguns trechos, florestas de pinheiros e carvalhos.
Essas áreas se prestam ao cultivo da videira, da oliveira, de diversas frutas e cereais.
1. Quadro natural e regionalização da África
O continente africano, banhado a note pelo Mar Mediterrâneo, a leste pelo Oceano Índico e a oeste pelo Oceano Atlântico, situa-se em sua maior parte na zona intertropical. O território é marcado por grandes diferenças, não somente étnicas, mas também econômicas e sociais.
Relevo e hidrografia
A maior parte do relevo africano é formada de planaltos elevados, sem variações significativas em seu modelado. Por serem formações muito antigas, esses planaltos sofreram grandes transformações ao longo das eras geológicas.
Em algumas porções do continente, porém, é visível a influência de processos tectônicos recentes, ligados principalmente vulcânicas, que contribuíram para a formação de altas montanhas no extremo norte e na sua porção leste. O Monte Quilimanjaro, cujo pico é o mais alto da África, com 5.898 metros de altitude, está localizado na porção leste.
No nordeste, em função de uma rica hidrografia, também encontramos grandes vales.
Podemos dividir o relevo da África em três porções principais: Planalto Setentrional, Planalto Centro-Meridional e Planalto Oriental.
• Planalto Setentrional
Nessa porção localiza-se o Deserto do Saara que ocupa um quarto do território continental. A noroeste dele encontramos a Cadeia do Atlas, que se estende desde o litoral do Marrocos até a Tunísia, abrangendo a região conhecida pelo nome de Magreb.
• Planalto Centro-Meridional
Com altitudes médias mais altas do que as do Planalto Setentrional, a região compreende o centro-oeste e o sul do continente. No que se refere às altitudes, a Bacia do Rio Congo e o Deserto do Kalahari são exceções dessa região, pois constituem duas grandes depressões.
• Planalto Oriental
Região de origem vulcânica, com altitudes elevadas e depressões ou fossas tectônicas que deram origem a extensos lagos, como Tanganica, o Vitória (formador do Rio Nilo) e o Niassa. Um aspecto marcante nesse planalto é o rift-valley, uma falha geológica que forma um vale de norte a sul.
Um continente com rica biodiversidade
O continente africano possui grande diversidade de climas e de formações vegetais. Nele convivem, por exemplo, paisagens desérticas, como o Saara e o Kalahari, e uma das zonas mais úmidas do planeta, situada na faixa do Equador, que é Floresta do Congo.
• Clima
Encontram-se na África os climas temperados, semi-árido, equatorial, desértico, tropical e mediterrâneo. Essa diversidade se deve, entre outros fatores, ao relevo e ao fato de o continente estar localizado entre os Trópicos de Câncer e de Capricórnio.
• Vegetação
A vegetação africana é influenciada pelos seus diversos climas, pela distribuição do relevo e pelas correntes marítimas, entre outros fatores.
- Florestas tropicais e equatoriais úmidas. Estão localizados na faixa que envolve a linha do Equador. A principal é a Floresta do Congo, uma extensa Floresta Equatorial drenada pela Bacia do Rio Congo. Esse rio tem cerca de 4.200 km de extensão e diversos afluentes, e forma um delta com mais de 300 km de largura no território nigeriano.
- Savanas. Presentes em regiões com estações mais delimitadas, sendo uma seca, no inverno, e outro chuvosa, no verão. Nas áreas mais úmidas, encontramos árvores, porém, meia espaçadas do que as da Floresta Equatorial, e grande diversidade de animais de médio e grande portes. Nas áreas mais secas, verifica-se a predominância de gramíneas e arbustos.
- Estepes. São vegetações rasteiras presentes nas áreas de clima semi-árido que margeiam os desertos do Saara e do Kalahari.
-Campos temperados (pradarias). Localizam-se na porção sudeste do continente, onde os europeus puderam se adaptar melhor na época da colonização (do século XVII ao início do século XX).
-Vegetação mediterrânea. Encontra-se no extremo noroeste, sendo arbustiva, nas áreas mais próximas do Mar Mediterrâneo, e de pinhos e cedros nas áreas mais chuvosas da Cadeia do Atlas.
-Vegetação desértica. Caracteriza-se pela adaptação à falta de chuvas. A maior parte do deserto não possui nenhuma cobertura vegetal. A água da chuva que raramente ocorre nessas regiões é absorvida pela areia ou evapora sob a ação de ventos secos. A flora dos desertos é formada por uma vegetação esparsa e abrange plantas de raízes profundas e cactos que armazenam água em seu interior.
Regionalização da África
Por sua história, etnias e religiões, a África pode ser dividida em duas grandes regiões: África do Norte e África Subsaariana.
• África do Norte
Limitada a note pelo Mar Mediterrâneo, a noroeste pelo Oceano Atlântico a abrangida na maior parte pelo Deserto do Saara, a África do Norte é constituída pelos países de maioria árabe e islâmica: Argélia, Egito, Líbia, Marrocos, Mauritânia, Tunísia e Saara Ocidental (território anexado pelo Marrocos).
A região é caracterizada pela forte concentração populacional no litoral do Mar Mediterrâneo, onde as condições naturais permitem o desenvolvimento da agropecuária, a exploração de petróleo e de outros minerais – fatores de atração populacional. A proximidade do mar facilita o comércio entre esses países africanos e os de outros continentes. Na região, alguns países, como o Marrocos e o Egito, promoveram a industrialização. A colonização regional foi predominantemente francesa, embora o Egito tenha integrado a esfera de influência britânica.
• África Subsaariana
Como o próprio nome revela, a África Subsaariana é a vasta região do continente compreendida ao sul do Deserto do Saara, povoada majoritariamente por povos negros.
Além da grande diversidade de paisagens, a região é marcada pela exploração colonial no passado recente. A principal herança da colonização foi a divisão política arbitrária feita pelos europeus, que colocaram dentro das mesmas fronteiras etnias rivais ou separaram grupos étnicos em territórios diferentes. Devido a essa pessoa política ocorrem diversos conflitos étnicos no continente.
A África Subsaariana apresenta baixíssimo IDH, caracterizado pela alta concentração de pobreza e pela fome que assola grande parte da população. Nessa região encontram-se as 26 nações com os piore índices de qualidade de vida do mundo; mais de 30% dos subsaarianos sofrem de fome crônica.
A presença de uma agricultura de subsistência, que se realiza ainda por meio do desmatamento e faz uso inadequado dos solos, colabora para aumentar o quadro de subdesenvolvimento. Associa-se a esse quadro a prática, em larga escola, das monoculturas de exportação (plantations) introduzidas no século XVIII pelos colonizadores. A priorização dada a esse sistema agrícola, voltado exclusivamente para a exportação, além de ter desprezado a produção de grãos para o consumo humano local, expulsou os camponeses nativos para as áreas menos produtivas.
A exceção de extrema pobreza e miséria em toda a África Subsaariana está na África do Sul, país que atingiu certo grau de industrialização e modernização devido à grande presença de ouro, ferro e pedras preciosas em seu território. Contribuíram também para o desenvolvimento do país os investimentos industriais de britânicos radicados na região.
Distribuição da população
Na África, há regiões em que as condições naturais e a infraestrutura contribuíram para maior ocupação e desenvolvimento econômico, em prejuízo de vastas áreas que não apresentavam inicialmente condições que favorecessem um povoamento maior.
As condições naturais, que constituíram adversidades no passado, são superáveis com o uso de técnicas modernas, porém, o desenvolvimento do território nas regiões mais inóspitas somente ocorre com a aplicação de grandes capitais vindos do exterior.
• Condições naturais e ocupação
De modo geral, nas áreas onde a declividade dos terrenos é menos pronunciada e as altitudes são mais modestas, houve maior fixação de populações. Isso porque, nessas áreas, as temperaturas são mais amenas e há maior incidência de chuvas, o que favorece o desenvolvimento da atividade agrícola. Além disso, algumas regiões muito próximas a rios eram evitadas, devido à disseminação de doenças transmitidas por insetos, como o tsé-tsé e o mosquito transmissor da malária.
A ocupação populacional mais intensa também foi favorecida nas áreas em que as chuvas são regulares e abundantes, como o vale do Rio Nilo e o centro-oeste do continente, onde se deu o desenvolvimento da agropecuária.
Entre os lugares pouco habitados do continente destacamos as áreas de desertos, como o Saara e o Kalahari. O Deserto do Saara é habitado por beduínos, povos nômades e seminômades, originários da Península Arábica, que se dedicam principalmente ao pastoreio. No Deserto do Kalahari, no sul da África, são encontrados os bosquímanos, grupos nômades de caçadores e coletores, herdeiros da cultura ais antiga do mundo.
Também as áreas alagadiças, como o delta do Rio Níger (na Nigéria)m restringem a utilização do solo para cultivos agrícolas, constituindo regiões de menor densidade populacional.
• Reservas minerais e ocupação
A existência de reservas minerais para aproveitamento econômico constituiu outro fator de fixação de populações em áreas específicas do continente africano. Ao redor dessas reservas, formaram-se bolsões de desenvolvimento, em muitos casos cercados por um enorme contingente de populações mais pobres.
A mineração está diretamente relacionada ao desenvolvimento de várias áreas por meio da extração de ouro e metais preciosos, principalmente na África do Sul, na República Democrática do Congo e na Zâmbia, geralmente ob o comando de capitais estrangeiros.
• O impacto do colonialismo
Apesar da importância dos fatores citados, a atual distribuição das populações africanas não pode ser explicada sem levarmos em conta as guerras entre as diversas nações e os diferentes grupos tribais, e a escravidão. Esses fatores acabaram por incrementar a urbanização de algumas cidades e regiões portuárias e, ao mesmo tempo, provocaram um deslocamento populacional forçado e o esvaziamento de várias áreas no interior do continente.
Os colonizadores europeus também colaboraram na fundação de vários centros urbanos, devido às suas atividades comerciais entre a Europa e os territórios por eles controlados no continente africano.
2. A economia africana
Como promover o desenvolvimento de mais de 805 milhões de africanos, incluindo milhões de famintos e miseráveis, em um novo milênio marcado pelas modernas conquistas tecnológicas, científicas e industriais?
A industrialização tardia e incompleta
O setor industrial dos países africanos, de modo geral, não apresenta diversificação nem dinamismo suficientes para sustentar um desenvolvimento econômico autônomo. As exceções são o Egito e a África do Sul.
Por serem compradores de produtos industrializados dos países do centro do sistema capitalista, as nações africanas permanecem como meras exportadoras de matérias-primas (minérios e produtos agrícolas). A diferença entre a necessidade de produtos industrializados e a disponibilidade interna de capitais para comprá-los impede uma acumulação de capitais no continente, pois a maioria dos escassos recursos financeiros acaba sendo canalizada para o exterior com as importações.
Boa parte das indústrias que atuam em solo africano é composta de transnacionais ou de empresas ligadas a grupos tradicionais da pequena elite africana, altamente concentradora de lucros.
• Programas de industrialização
O processo de industrialização iniciou-se na África após a descolonização, nas décadas de 1950 e 1960.
Das tentativas bem-sucedidas de desenvolvimento industrial, podemos citar alguns elementos positivos, por terem contribuído para a mudança da organização dos espaços produtivos:
- o fortalecimento das economias nacionais, por meio do aumento da renda das populações e do consumo interno, e da geração de novas atividades produtivas e novos postos de trabalho;
- o incremento das bases econômicas nacionais, visando diminuir as importações e aumentar a poupança interna dos países;
- o surgimento da OUA (Organização da Unidade Africana), em 1961, buscando dar unidade política e estabilidade econômica e territorial à África;
- o aumento do grau de beneficiamento das mercadorias, visando aumentar a lucratividade dos setores voltados para a exportação.
• Obstáculos à industrialização
- Pequena participação no comércio mundial. As exportações africanas ainda são irrisórias, mas têm conseguido isenções de tarifas especialmente por parte da União Europeia.
- Escassez de capital. As nações africanas são obrigadas a recorrer a empréstimos internacionais, elevando suas dívidas externas.
- Remessa de lucros. Muitas transnacionais estabelecidas na África reinvestem os lucros em seus países de origem.
- Escassez de mão-de-obra qualificada. A baixa qualificação dos trabalhadores africanos desestimula a instalação de indústrias modernas no continente, no contexto da globalização econômica.
- Mercado interno restrito. Grande parte da população africana ainda reside na zona rural e tem baixíssimo poder de compra.
- Intermináveis guerras civis. As guerras interétnicas e intertribais abalam economias e populações em diversos países da África.
A integração econômica da África
Apesar dos incessantes conflitos, a integração econômica do continente africano é possível. A África tem potencial econômico, exemplificado pela riqueza do subsolo, pela grande biodiversidade e pelo potencial criativo de seus povos e culturas.
Algumas tentativas políticas têm sido realizadas para promover a unidade e a prosperidade econômica do continente, entre elas a SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) e a UA (União Africana).
A SADC, maior bloco comercial da África, enfrenta problemas nas esferas política, econômica, social, militar, ambiental e cultural. Um dos maiores desafios é conseguir colocar em prática um protocolo sobre livre circulação de pessoas e produtos. Isso porque a SADC não tem o respaldo da chamada sociedade civil dos países africanos nos programas de ação que propõe.
A UA surgiu em julho de 2002, em substituição à OUA (Organização da Unidade Africana). Uma de suas realizações para enfrentar a instabilidade política no continente foi a criação do Conselho de Paz e Segurança, destinado a intervir em conflitos étnicos e tribais, para prevenir genocídios.
3. As fronteiras da África
A África chega ao século XXI com o desafio de superar séculos de exploração colonial, divergências políticas, étnicas e culturais. Necessita também construir a unidade continental, considerando-se as fronteiras e os diferente povos que habitam o mesmo território.
O imperialismo europeu e a fragmentação territorial da África
A África passou por inúmeros choques sociais, políticos e culturais em conseqüência da exploração comercial e da divisão do território pelos países europeus desde o século XVI, o que explica, em grande parte, a fragilidade dos Estados nacionais africanos. A partilha do continente se deu de forma arbitrária. A demarcação das fronteiras não respeitou as populações nativas. Tribos rivais ficaram confinadas entre as mesmas fronteiras, enquanto grupos etnicamente relacionados foram separados pelos limites estabelecidos.
A ação dos colonizadores portugueses, ingleses, belgas, alemães, franceses e holandeses, combinada a outros fatores, resultou em diversos problemas econômicos, sociais e territoriais, tais como:
- o impedimento de um desenvolvimento auto-sustentando pelos próprios povoados e comunidades africanas;
- a formalização da partilha do território em regiões de propriedade européia pelo Congresso de Berlim, 1884-1885;
- a drenagem de minérios para a construção de ferrovias e portos voltados para a exportação.
O escoamento de recursos naturais visava ao abastecimento de matéria-prima farta e barata para as indústrias européias
.
O redesenho do continente
A retirada das potências européias do território africano foi em grande parte ocasionada pela situação econômica desastrosa em que elas se encontravam após a Segunda Guerra Mundial. Manter a administração das colônias e a segurança militar dentro delas tornou-se muito oneroso. Essa situação desencadeou um verdadeiro redesenho do continente além de propiciar um clima de indefinições territoriais com a conseqüente disputa pelo poder. Estados corruptos, liderados por elites tribais e alinhados aos interesses dos ex-colonizadores e de outros grupos estrangeiros implantavam projetos de industrialização e modernização com mão de ferro e forte controle estatal.
Paralelamente a essa política, alguns intelectuais africanos, como Kwane Nkrumah, de Gana, um dos formadores do pan-africanismo, e Edem Kodjo, ex-primeiro-ministro do Togo e ex-secretário-geral da então OUA (Organização da Unidade Africana), defendiam o reordenamento das fronteiras, visando a uma união que levasse à estabilidade entre os povos e à prosperidade do continente. Porém, a maioria dos primeiros líderes da independência do continente prometia não interferir nas fronteiras dos Estados vizinhos, mantendo, com essa atitude, a confusão produzida pela partilha da África estabelecida na Conferência de Berlim.
A política de não-interferência no traçado das fronteiras gerou grandes instabilidades e graves conflitos pela definição dos novos Estados-nação africanos.
Atualmente algumas potências econômicas regionais, como a África do Sul, a Nigéria e o Egito, buscam consolidar sua influência sobre os demais países do continente.
Apartheid: segregação étnica
Uma das marcas do colonialismo europeu no continente africano foi a segregação entre nativos e colonos. Na África do Sul, essa prática ficou conhecida pelo nome de apartheid, palavra da língua afrikânder, originada do holandês do século XVI, que significa “separação”. Tratou-se de um regime de segregação racial em que os espaços ocupados e frequentados pelas comunidades brancas eram separados da população não-branca. As idéias de superioridade racial do branco europeu sobre os povos africanos foram impostas para justificar as estratégias de dominação, a expropriação de suas terras, riquezas e a própria escravização.
Na África do Sul, o apartheid, existente na prática desde 1910, foi oficializado por lei em 1948 e vigorou até 1994. Nesse país, o racismo era ostensivo a ponto de impedir que os negros, embora constituindo a grande maioria da população, tivessem propriedades territoriais e participassem separadas (os bantustões) das reservadas aos brancos.
Após muitos anos de luta da população negra pela igualdade de direitos, com massacres e prisões de líderes, a situação do país tornou-se insustentável, em vista do apoio internacional à causa antiapartheid. Fortes pressões da ONU e de vários países levaram à realização de eleições multirracionais em 1994. Nelson Mandela, um dos mais importantes líderes do movimento contra o apartheid, que ficara preso por 27 anos, foi eleito o primeiro presidente negro da África do Sul.
Depois da independência
Com a independência, Estados africanos, como Gana e Sudão, iniciaram uma corrida descontrolada pela industrialização, gastando milhões de dólares das reservas monetárias provenientes da agricultura, direcionando-os a projetos de plantas industriais defasadas, para cujo funcionamento não contavam com um número suficiente de trabalhadores preparados. Outros Estados ignoraram as políticas agrícolas de subsistência, passando a privilegiar projetos de monoculturas de exportação, contribuindo, como vimos, para a fome em massa das populações que ainda estavam no campo e que não migraram para as cidades, onde os empregos eram escassos, e a sobrevivência, incerta.
A África na nova DIT
Na nova DIT (divisão internacional do trabalho), a participação dos países pobres de baixa industrialização se dá pela produção de manufaturas que empregam pouca tecnologia, mão-de-obra barata e em geral desprotegida pelo Estado muita matéria-prima e energia, em atividades muitas vezes insalubres e poluidoras, que são rejeitadas nas nações capitalistas centrais. Nestas últimas, a participação ocorre com a produção de bens industriais de alto valor agregado, geralmente da área de informação e comunicação, e de serviços de apoio à produção.
A posição da África na nova DIT é ainda mais desfavorável comparando com os países de baixa industrialização, porque apresenta maior exploração dos recursos naturais e da mão-de-obra. As exportações de produtos industrializados no continente são insignificantes e estão concentradas em três países: África do Sul, Marrocos e Tunísia.
O continente carece em geral da modernização da infraestrutura, com a qual poderia dinamizar as atividades econômicas. Além disso, a infraestrutura existente está ligada aos setores de exportação de bens primários e serve muito mais para a drenagem do que para a acumulação de riquezas. A rede transporte instalada na África por empreendedores europeus determinou a vocação do continente como uma imensa bacia de drenagem dos recursos do território para além-mar.
O processo africano de modernização e industrialização esbarrou, portanto, na falta de uma infraestrutura competitiva, de recursos humanos qualificados e de fortes investimentos de capital para se manifestar de forma plena.
Estatais ligadas a governos corruptos dificultaram a distribuição da renda para a população, segregada do processo de modernização pontual de algumas capitais africanas. Isso tem se traduzido em péssimos indicadores sociais em todo o continente, principalmente na África Subsaariana.
Quando ao comércio mundial, as relações estabelecidas entre a África e seus parceiros comerciais refletem a dificuldade de gerar riquezas no continente a partir de potencialidades locais e regionais.
As dificuldades de acesso às novas tecnologias
Quando analisamos o grau de acesso dos africanos às novas tecnologias de informação, tornam-se evidentes o baixo nível de qualidade das infraestruturas do território e as dificuldades de desenvolvimento do continente.
A começar pelas redes e infraestruturas de energia elétrica, percebemos que a África é um continente de grandes carências, de profundas limitações estruturais. Entre os anos 1971 e 1993, o uso comercial da energia elétrica passou de 251 para 288 kW per capita, enquanto, no mesmo período, países emergentes da América Latina tiveram um salto de consumo de 255 para 536 kW e, nos países desenvolvidos, as médias de consumo eram de 4.600 kW.
No que se refere aos sistemas de telecomunicação, o território africano apresenta enorme defasagem: em 1998, havia em Angola apenas 6 linhas telefônicas para cada 1.000 pessoas; nos países emergentes, como o México, por exemplo, a média era de 104 para cada 1.000 habitantes e, nos Estados Unidos, 661. Países como Benin e Burkina Faso têm um computador para cada 1.000 habitantes, enquanto na Austrália esse número é de 412 computadores para cada 1.000 pessoas.
A ausência ou a deficiência de infraestrutura nos países africanos resulta na impossibilidade de atrair investimentos de empresas transnacionais, o que criaria postos de trabalho em diversas atividades modernas que demandam mão-de-obra qualificada. Sem a modernização das atividades e a qualificação da mão-de-obra, ficam inviabilizadas a geração e a distribuição de riqueza, completando o ciclo da pobreza, no qual os países africanos estão inseridos, em menor ou maior grau.
A África à margem da globalização
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as atividades econômicas do planeta passaram de um período técnico para um período técnico-científico.
A característica desse período é uma nova perspectiva de dinamismo econômico e de organização dos territórios baseada, em grande parte, do domínio dos processos de produção e difusão de tecnologias como condição fundamental para o desenvolvimento. Sem o domínio da alta tecnologia e sem investimentos maciços nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, os países africanos não conseguiram se inserir de maneira competitiva na nova ordem mundial que, além dos progressos técnico-científicos, incorporou as chamadas novas tecnologias de informação (telecomunicação, computadores, celulares, internet etc.)
Especialmente após a década de 1970, quando assistimos à invenção e à difusão em larga escala de equipamentos de alta tecnologia, como os computadores pessoais, os satélites artificiais e os sistemas de comunicação côo a internet e as intranets, observamos que os países que detêm o conhecimento dessas novas tecnologias estão no topo do poder econômico mundial.